Os Meus Pensamentos são Todos Sensações

Sou um guardador de rebanhos. O rebanho são os meus pensamentos. E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos. E com as mãos e os pés. E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la. E comer um fruto é saber-lhe o sentido. Por isso quando num dia de calor. Me sinto triste de gozá-lo tanto. E me deito ao comprido na erva. E fecho os olhos quentes, Sinto todo o meu corpo deitado na realidade.

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema IX"
Heterónimo de Fernando Pessoa

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

2MILe11


Que no novo ano

sejam concretizados

todos os sonhos

que mais desejamos.

Um Feliz 2011

com Amor e Carinho! 



terça-feira, 28 de dezembro de 2010

COMO EU QUERIA


COMO EU QUERIA

PROVOCAR EM TI

SENSAÇÕES

Nunca sentidas;

DESEJOS

De me amar;

de me possuir;

domingo, 19 de dezembro de 2010

Mil vezes



Abri as janelas
que havia dentro de ti
e entrei abandonado
nos teus braços generosos.

Senti dentro de mim
o tempo a criar silêncio
para te beber altiva e plena.

Mil vezes
repeti teu nome,
mil vezes,
de forma aveludada
e era a chave
que se expunha
e fecundava dentro de mim.

Já não se sonha,
deixei de sonhar,
o sonho é poeira dos tempos
é a voz da extensão
é a voz da pureza
que dardejava na nossa doçura.

Quando abri as tuas janelas
e despi teus braços
perdi a vaidade
e a pressa,
amei a partida
e em silêncio abri,
(sem saber que abria)
uma noite húmida
em combustão secreta
desmaiado no teu ombro
de afrodite.

Carlos Melo Santos, in "Lavra de Amor"

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Molhadinha...


FECHO OS OLHOS

SINTO-ME MOLHADINHA

SÓ DE PENSAR EM TI.

COMO EU TE DESEJO

COMO DESEJO SER DOMINADA POR TI.

APERTO-ME TODA

A TUA AUSENCIA POE-ME DOIDA.

.

Eu PRECISO


Eu preciso te falar
Te encontrar de qualquer jeito
Prá sentar e conversar
Depois andar
De encontro ao vento...
Eu preciso respirar
O mesmo ar que te rodeia
E na pele quero ter
O mesmo sol que te bronzeia...
Eu preciso te tocar
E outra vez te ver sorrindo
E voltar num sonho lindo...
Já não dá mais prá viver
Um sentimento sem sentido
Eu preciso descobrir
A emoção de estar contigo...
Ver o sol amanhecer
E ver a vida acontecer
Como um dia de domingo...

Faz de conta que ainda é cedo
Tudo vai ficar
Por conta da emoção
Faz de conta que ainda é cedo
E deixar falar
A voz do coração...

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O PRIMEIRO BEIJO



Molhado
 Sofrido
 Sonhado
 Desejado
 De olhos fechados
 Enrugado
 Apaixonado
 À luz da Lua
Desconfiado
Cantado
 Estrelado

 Perfeito



QUAL DELES SE ENCAIXA???

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A Tua Ausência Provoca



Não existe dor pior que a separação.
Nem suplício maior que a saudade.
Ou desespero de amor não correspondido.
Crueldade pior que indiferença.
Oh arrependimento mais profundo de todos...

Mas que teu desejo me guie.
Até o momento de te adorar.
Que teu calor queime em mim.
E tuas carícias me libertem para sempre.
Para ficar preso ao teu destino.
Como é que pode?
O gosto do amor ser tão amargo em tua ausência?

Um bravo a ti sucumbiu.
Sem luta se entregou.
Todas as defesas caíram.
Aos teus pés um guerreiro se rendeu.
Agora sou teu refém.
Enquanto te amar.
E receio que nem mesmo o tempo.
Nosso amor consiga corromper.
Quiçá derrotar.

Se o amor é um doce cárcere.
Então desejo que seja minha carcereira cruel.
Pois, se não posso escapar.
Do que é mais forte do que eu.
Que sejas a ti que me submeto;

Se minha liberdade é tua.
Quero estar ao teu lado.
Cativo do teu desejo.
Prisioneiro do teu gozo.
Escravo do teu amor.
Para sempre.

Nada tema!
Estou aqui por que quero.
Não se arrependa do que sente.
Em quaisquer situações.
Mesmo no erro, sou teu aliado fiel.
Sou tua posse e conquista.
Terra nova sob teus pés descalços.
Regada por primaveras de lágrimas.
Teu porto escondido e marco secreto.

Diga que me ama.
Mas que não seja para me deixar!
Diga tranqüilamente, olhando nos meus olhos.
Sem pressa ou hesitação.
Para em teus braços me arrebatar.
E beijar docemente.

Não diga que me ama para me dominar de todas as formas.
Teu perdão vau me libertar de todos os erros.
Mostre a força do teu amor.
Em forma bruta.
Rejuvenescida e lasciva.
Tal como antes foi.
Envolva-me com teus cabelos.
E me contenha em teus braços.

Tudo que é meu te pertence.
E tudo que jamais terei.
Sempre foi assim.
Tudo daria para ti.
Antes de piscar os olhos.
Pois ouro não tem mais valor.
Sem o adorno do teu corpo.
E sem tua presença,
Os diamantes não brilham mais.
As pobres flores murcham.
Os pássaros emudecem e somem.
O mar perde a cor.

Não suporto mais esperar.
Trocaria minha vida pela tua.
Mil vezes para ter outra chance.
Desceria ao fundo do inferno.
Morreria feliz nos teus braços.
Mas só depois de te amar.

Dark

Dependo de ti

 
 
Atada estou a ti
A tua respiração
Falta-me o ar sem ti
Sofro de asfixia
Colada estou a ti
Ao teu coração
Falta-me o pulso sem ti
Sofro de bradicardia
Moldada estou a ti
A tua definição
Falta-me contorno sem ti
Sofro de amorfia
Marcada estou em ti
A tua pigmentação
Falta-me a cor sem ti
Sofro de anemia
Marcado estás em mim
Em qualquer definição
Falta-me a vida sem ti
Morro por abstinência
.

Ângela Rolim

domingo, 12 de dezembro de 2010

Poemas sobre o Amor



  • O amor é cego, a amizade fecha os olhos

  • O amor, pede; a amizade, dá

  • A distância das moradias não desune o amor dos corações

  • A força do amor, somente se avalia quando o sentimos

  • Amar, é encontrar a própria felicidade na felicidade alheia

  • Amor com amor se paga

  • Deve temer-se mais o amor de uma mulher do que o ódio de um homem

  •  É mais fácil evitar o amor quando ainda se não tem, que deixá-lo quando existe
  •  

O Prazer é Silencioso





Ao contrário da ideia assente
A palavra não é criadora de um mundo;
O homem fala como o cão ladra
Para exprimir raiva, ou medo.

O prazer é silencioso,
Tal como o é o estado de felicidade.
Michel Houellebecq, in "A Possibilidade de uma Ilha"

Palavras



Certas palavras não podem ser ditas
em qualquer lugar e hora qualquer.
Estritamente reservadas
para companheiros de confiança,
devem ser sacralmente pronunciadas
em tom muito especial
lá onde a polícia dos adultos
não adivinha nem alcança.

Entretanto são palavras simples:
definem
partes do corpo, movimentos, actos
do viver que só os grandes se permitem
e a nós é defendido por sentença
dos séculos.

E tudo é proibido. Então, falamos.

Carlos Drummond de Andrade, in 'Boitempo'

Roseira Brava

"AMAR" (Florbela Espanca)


Eu quero amar, Amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui...além...
Mais Este e Aquele o outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder...Pra me encontrar...

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Te amo



"Amo como ama o amor.
Não conheço nenhuma
outra razão para amar,
senão amar.
Que queres que te diga,
além de que te amo,
se o que te quero dizer
é que te amo?"

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Ainda te sinto cá dentro

Sonhei contigo,
óh como eu sonhei
...
Ainda te sinto cá dentro,
Que sensação
...
Unindo desejos interrompidos
Carinhos sentidos
Desejados
...
Nos meus lábios, o gosto da tua boca
Fecho os olhos para te sentir lá no fundo do meu ser
...
No meu corpo, um fogo incontrolado
Só de pensar nas tuas maos
a tocar meu corpo
...
No teu suspiro, encontro marcado pelo destino
E nos meus olhos, o prazer de tanto te querer
Mais e mais
...


sábado, 4 de dezembro de 2010

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Quero lavar-te

Quero lavar-te,
vestir-te e despir-te como se fosses uma boneca.
Depois deitar-te na cama,
e obrigar-te a gritar de prazer...
.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

...quero... o teu nome escrito nas marés



Não sei de que cor são os navios
quando naufragam no meio dos teus braços
sei que há um corpo nunca encontrado algures
e que esse corpo vivo é o teu corpo imaterial
a tua promessa nos mastros de todos os veleiros
a ilha perfumada das tuas pernas
o teu ventre de conchas e corais
a gruta onde me esperas
com teus lábios de espuma e de salsugem
os teus naufrágios
e a grande equação do vento e da viagem
onde o acaso floresce com seus espelhos
seus indícios de rosa e descoberta.

Não sei de que cor é essa linha
onde se cruza a lua e a mastreação
mas sei que em cada rua há uma esquina
uma abertura entre a rotina e a maravilha
há uma hora de fogo para o azul
a hora em que te encontro e não te encontro
há um ângulo ao contrário
uma geometria mágica onde tudo pode ser possível
há um mar imaginário aberto em cada página
não me venham dizer que nunca mais
as rotas nascem do desejo
e eu quero o cruzeiro do sul das tuas mãos
quero o teu nome escrito nas marés
nesta cidade onde no sítio mais absurdo
num sentido proibido ou num semáforo
todos os poentes me dizem quem tu és.

Manuel Alegre, in “Senhora das Tempestades”

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Os teus dedos tocaram-me

Começei a despir-me ansiosa pela tua demora


Tu chegaste, beijaste-me o corpo todo... de cima para baixo
Apalpaste a minha flor e começaste a tirar a minha cueca...

Já despida começaste a tocar-me vagarosamente
Fiquei fora de mim com tanto prazer


Desejei k me beijasses e me sugasses o mel...
Com uma força bruta deste-me o prazer que supliquei.

Os teus dedos tocaram-me freneticamente e eu gritei de prazer...
.

O Amor...

 
 
"O amor nos tira o sono, nos tira do sério, tira o tapete debaixo dos nossos pés, faz com que nos defrontemos com medos e fraquezas aparentemente superados, mas também com insuspeitada audácia e generosidade. E como habitualmente tem um fim - que é dor - complica a vida. Por outro lado, é um maravilhoso ladrão da nossa arrogância.
Quem nos quiser amar agora terá de vir com calma, terá de vir com jeito. Somos um território mais difícil de invadir, porque levantamos muros, inseguros de nossas forças disfarçamos a fragilidade com altas torres e ares imponentes.
A maturidade me permite olhar com menos ilusões, aceitar com menos sofrimento, entender com mais tranqüilidade, querer com mais doçura.
Às vezes é preciso recolher-se".

Lya Luft

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Penetra-me



PENETRA-ME

ANSEIO POR TI

A castidade com que abria as coxas
e reluzia a sua flora brava.
Na mansuetude das ovelhas mochas,
e tão estrita, como se alargava.

Ah, coito, coito, morte de tão vida,
sepultura na grama, sem dizeres.
Em minha ardente substância esvaída,
eu não era ninguém e era mil seres

em mim ressuscitados. Era Adão,
primeiro gesto nu ante a primeira
negritude de corpo feminino.

Roupa e tempo jaziam pelo chão.
E nem restava mais o mundo, à beira
dessa moita orvalhada, nem destino.

Carlos Drummond de Andrade, in 'O Amor Natural'

...entregar-me à Vida



...
Esse estranho cilício,
e de entregar-me à vida como a
                                             um vício.

Alegria!
Alegria!
Volúpia de sentir-me em cada dia
mais cansada, mais triste, mais dorida
mas cada vez mais agarrada à Vida!

Fernanda de Castro, in "D'Aquém e D'Além Alma"

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Vem


Vem borboleta
sugar o meu nectar

Vem

Passei a noite a sonhar contigo.

O meu corpo anseia por ti.

Nao ouves as batidas do meu coração?

Vem depressa...

antes que seja tarde demais.
...

Ohhhh


«Prazer! Prazer! oh falso, oh bandoleiro!
    Que fugindo te ausentas
De nós, sem saudade, e tão ligeiro:
    As penas nos aumentas,
Se, mal que te acolhemos, já nos deixas».
Eis que o lindo Prazer tão suspirado
Me responde: — Que vãs são tuas queixas!
Aos Numes graças rende, que hão criado
O Prazer breve: que, a ser eu comprido,
Me houveram (certo) para si retido.


Filinto Elísio, in "Madrigais"

Se...



“Se não for hoje, um dia será.


"Algumas coisas, por mais impossíveis e malucas que pareçam, a gente sabe, bem no fundo, que foram feitas pra um dia dar certo.”

 Caio Fernando Abreu

.

Angústia



Tortura do pensar! Triste lamento!
Quem nos dera calar a tua voz!
Quem nos dera cá dentro, muito a sós,
Estrangular a hidra num momento!

E não se quer pensar! ... e o pensamento
Sempre a morder-nos bem, dentro de nós ...
Querer apagar no céu – ó sonho atroz! –
O brilho duma estrela, com o vento! ...

E não se apaga, não ... nada se apaga!
Vem sempre rastejando como a vaga ...
Vem sempre perguntando: “O que te resta? ...”

Ah! não ser mais que o vago, o infinito!
Ser pedaço de gelo, ser granito,
Ser rugido de tigre na floresta!

Florbela Espanca, in "Livro de Mágoas"

Ternura




Desvio dos teus ombros o lençol,
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do sol,
quando depois do sol não vem mais nada...

Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
onde uma tempestade sobreveio...

Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...

Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!


.
David Mourão-Ferreira, in "Infinito Pessoal"

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Inter-Sonho





Numa incerta melodia
Tôda a minh'alma se esconde
Reminiscencias de Aonde
Perturbam-me em nostalgia...

Manhã d'armas! Manhã d'armas!
Romaria! Romaria!

. . . . . . . . . . . . . . .

Tacteio... dobro... resvalo...

. . . . . . . . . . . . . . .

Princesas de fantasia
Desencantam-se das flores...

. . . . . . . . . . . . . . .

Que pesadêlo tão bom...

. . . . . . . . . . . . . . .

Pressinto um grande intervalo,
Deliro todas as côres,
Vivo em roxo e morro em som...


Mário de Sá-Carneiro, in 'Dispersão'

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A Cidade do Sonho




Sofres e choras? Vem comigo! Vou mostrar-te
O caminho que leva à Cidade do Sonho...
De tão alta que está, vê-se de toda a parte,
Mas o íngreme trajecto é florido e risonho.

Vai por entre rosais, sinuoso e macio,
Como o caminho chão duma aldeia ao luar,
Todo branco a luzir numa noite de Estio,
Sob o intenso clamor dos ralos a cantar.

Se o teu ânimo sofre amarguras na vida,
Deves empreender essa jornada louca;
O Sonho é para nós a Terra Prometida:
Em beijos o maná chove na nossa boca...

Vistos dessa eminência, o mundo e as suas
                                                             [sombras,
Tingem-se no esplendor dum perpétuo arrebol;
O mais estéril chão tapeta-se de alfombras,
Não há nuvens no céu, nunca se põe o Sol.

Nela mora encantada a Ventura perfeita
Que no mundo jamais nos é dado sentir...
E a um beijo só colhido em seus lábios de Eleita,
A própria Dor começa a cantar e a sorrir!

Que importa o despertar? Esse instante divino
Como recordação indelével persiste;
E neste amargo exílio, através do destino,
Ventura sem pesar só na memória existe...

António Feijó, in 'Sol de Inverno'